quarta-feira, 13 de maio de 2009


Amamos o que não conhecemos, o já perdido.O bairro que já foi arredores.Os antigos que não nos decepcionaram mais porque são mito e esplendor.Os seis volumes de Schopenhauer que jamais terminamos de ler.A saudade, não a leitura, da segunda parte do Quixote.O oriente que, na verdade, não existe para o afegão, o persa ou o tártaro.Os mais velhos com quem não conseguiríamos conversar durante um quarto de hora.As mutantes formas da memória, que está feita do esquecido.Os idiomas que mal deciframos.Um ou outro verso latino ou saxão que não é mais do que um hábito.Os amigos que não podem faltar porque já morreram.O ilimitado nome de Shakespeare.A mulher que está a nosso lado e que é tão diversa.O xadrez e a álgebra, que não sei.
Jorge Luis Borges

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